A beleza e os desafios de chegar bem aos 56 anos
A beleza e os desafios de chegar bem aos 56 anos
Chegar aos 56 anos é como abrir uma porta que, por muito tempo, imaginamos distante. E, de repente, estamos ali: de pé no limiar, percebendo que não se trata de uma chegada, mas de uma espécie profunda de continuidade — mais consciente, mais seletiva, mais nossa.
Aos 56, o corpo fala de outras maneiras. Ele já não se apressa por qualquer motivo, já não deseja correr para acompanhar expectativas alheias. Ele deseja presença. Há uma maturidade que nasce justamente do que se perdeu, do que se deixou ir, do que se descobriu impossível sustentar. E, nesse aparente desgaste, há uma beleza que não se pode imitar: a beleza de quem sabe o próprio peso e o próprio ritmo.
Mas não é um caminho sem desafios. A sociedade costuma tratar a mulher de meia-idade como um território que já entregou tudo. Como se a vitalidade tivesse prazo, como se a criatividade se esgotasse, como se a sensibilidade amadurecida fosse sinônimo de apagamento. No entanto, é exatamente aqui — no meio da vida — que muitas de nós finalmente encontramos o gesto mais verdadeiro. O gesto que não pede aprovação, que não se curva, que não se explica.
Aos 56, há dias em que o espelho parece mais honesto do que gentil. E há dias em que somos nós que exigimos demais dessa honestidade. Os conflitos internos não desaparecem com a idade; apenas ganham outra nitidez. A dor se decanta, a alegria se refina. A incerteza segue — talvez porque viver sempre foi mais sobre navegar do que sobre dominar.
Mas existe também o milagre silencioso: perceber que ainda é possível começar. Recomeçar. Ou simplesmente continuar, mas com outra consciência. Há coragem em assumir o próprio cansaço, em dizer não, em escolher o simples. Há coragem em defender os pequenos rituais — o café que se toma com calma, a leitura que consola, o toque na argila que devolve sentido às mãos.
E há, sobretudo, uma beleza madura e serena em honrar a própria história. Não como algo concluído, mas como um solo fértil. Aos 56, a vida pode ser um campo em que finalmente cultivamos o que realmente importa — a delicadeza que nunca foi fraqueza, a sensibilidade que sempre foi força, o tempo que agora é nosso.
Chegar bem aos 56 não é sobre perfeição. É sobre verdade. É sobre aceitar-se, compreender-se, pertencer a si mesma. E seguir — com a firmeza de quem já atravessou tempestades e com o brilho de quem, apesar de tudo, ainda deseja o sol.

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obrigada por visitar minha página e conhecer minha arte!! gratidão